Não sei se você já se pegou conversando com os seus amigos algo do tipo "a infância de hoje já era" ou "as crianças de hoje não sabem o que é bom". Eu já me peguei falando isso, várias vezes. Tudo bem que eu me considero uma recém-adolescente (tenho 17 anos, mas a minha mente começou a amadurecer mesmo há 2 ou 3), mas eu já percebo que a primeira e a segunda infância dessa nova geração está tão diferente do que foi a minha que eu consigo dizer que a minha foi melhor.
Um dia eu estava no metrô e uma criancinha de mais ou menos 2 anos começou a chorar. O que eu esperava que a mãe fizesse (era o que eu iria fazer): falasse para ela olhar pela janela. Se vocês perceberem a imagem da janela da maioria dos metrôs que passam a céu aberto é muito bonita. Pros olhos de uma criança aquilo seria o paraíso. Mas não, o que ela fez? Ligou a telinha do celular e deixou o menininho brincar. Cara, não. Não. Tecnologia é o ultimo recurso de todos numa hora dessas. Para. Eu fico revoltada mesmo.
A minha geração (é muito difícil de falar em gerações hoje em dia), mas as pessoas que tem hoje entre 15 e 25 anos tiveram, talvez, a melhor infância de todas. Sei que se minha mãe ler isso ela vai falar que a dela foi melhor, minha vó vai falar que foi a dela e assim sucessivamente, mas EU digo que foi a MINHA. Essa geração teve o perfeito equilíbrio entre não-tecnologia e  tecnologia. Tínhamos vídeo-games para os dias de chuva, mas nos dias de sol dava para ir ao parquinho da praça ou brincar na rua sem preocupação. Não ganhávamos de presente de aniversário de 4 anos um tablet com jogos, ganhávamos bonecas e bonecos com os quais podíamos imaginar um mundo novo, podíamos imaginar o nosso próprio jogo, que não ficaria chato depois de uma semana, porque poderíamos mudá-lo inteiramente, sem ter que mexer em nenhum html.
Claro que na medida em que íamos crescendo a tecnologia entrava cada vez mais na nossa vida. Passei muito tempo jogando Neopets (até hoje) e entrando no site da Recreio pra jogar o que seria o futuro Temple Run, mas não era viciada, nem tinha computador em casa por muito tempo.
Eu escrevia muitas histórias. Papel, lápis e borracha eram meus grandes companheiros. Tenho certeza que isso influenciou muito a ser o que eu sou hoje. E é assim que eu vou criar os meus filhos: com tecnologia, sim, na medida certa. Pra que correr pra inserir essas coisas na vida? Pra que criar um facebook de uma criança que não sabe falar nem o próprio nome? Isso são coisas que eu não vou entender.
A infância está sendo esquecida, estamos voltando àquela época onde as pessoas não sabiam da existência dessa fase da vida e tratavam as crianças como "pequenos adultos". Criança é criança. Criança tem que fazer coisas de criança. Deixa o word e o excel pra quem precisa trabalhar com isso, elas podem e devem escrever com canetinha e se sujar inteiras. A fase da vida que mais deve ser aproveitada está se tornando mecanizada e, infelizmente, estamos deixando que isso aconteça.